Uma tarde passada no Arquivo Distrital procurando um processo de um trisavô que a "lenda familiar" fazia preso pelo regime de D. Miguel acabou por dar frutos, embora canalizado para outras fontes.
Mas o que é mais significativo é ter encontrado outros processos de pessoas de S. Martinho de Mouros (algumas do concelho que existiu até 1855).
Que levaria pessoas de uma localidade tão fora dos centros de poder a enfrentar a "situação" então existente em Portugal? Fomos sempre levados a pensar pelos livros escolares que as zonas rurais eram todas pelo rei absolutista, sendo apenas os urbano/litorais os apoiantes dos "pedristas".
Quando pensamos naqueles que no tempo do Estado Novo também deram tudo por um ideal e a sua maior parte eram, para além dos operários, rurais das zonas mais pobres do país mas com uma forte consciência dos seus interesses, então talvez possamos compreender que as generalizações a que no dia a dia nos habituamos são perigosas por não corresponderem na maior parte das vezes à verdade.
Como homenagem, aqui ficam os nomes que encontrei:
António Cardoso Pinto de Magalhães, proprietário de Barrô concelho de S. Martinho de Mouros (o meu trisavô) preso na Relação do Porto entre Set de 1830 e Jun de 1831, julgou-se-lhe expiada a culpa contando a prisão anterior em Lamego, ficando sujeito a seis meses de vigilância pela policia local;
António Rodrigues Osório Bacharel e Sargento Mór de ordenanças, natural de S. Martinho de Mouros preso na Relação do Porto entre Nov de 1830 e Fev de 1831, absolvido por falta de provas;
Joaquim Correia Cardoso Monteiro, negociante do concelho de S. Martinho de Mouros apresentou-se voluntariamente no Aljube do Porto em Nov de 1830 e foi solto por falta de provas em Mar de 1831;
Alexandre Azevedo Coutinho e Faro, proprietário de S. Martinho de Mouros, em Ago de 1830 sua esposa enquanto sua defensora apresenta a sua defesa, sendo absolvido em Set do mesmo ano, ficando sujeito a vgilância do Corregedor da Comarca de Lamego;
António Cardoso Mesquita do concelho de S. Martinho de Mouros, foi-lhe passada Carta de Éditos em Fev de 1831. Estava afortunadamente "ausente";
José Cardoso Taveira, Bacharel de Barrô concelho de S. Martinho de Mouros, foi-lhe passada Carta de Éditos em Dez de 1830. Também, afortunadamente estava "ausente".
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