sábado, 31 de janeiro de 2015

Correios em S. Martinho de Mouros

Do jornal "A Fraternidade" de 21 de julho de 1923, recolhi a seguinte notícia:


"Já se encontra aberta ao público a estação teléfono-postal da linda e rica povoação de S. Martinho de Mouros. Deve-se este melhoramento à acção do Dr. Alfredo de Sousa como devotado deputado pelo circulo e aos esforços contínuos do senhor João Encarnação, importante comerciante de S. Martinho de Mouros.
.../...
S. Martinho de Mouros bem o merece pois é uma importantíssima povoação, melhor do que muitas vilas e sedes de concelho."


Durante todo o século XX S. Martinho teve a sua estação de correios. Infelizmente, com o século XXI fechou.
Malefícios do progresso.

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Ensino em S. Martinho




Há tempos falei aqui da nomeação do professor José Pinto da Fonseca como professor de S. Martinho de Mouros em 1878. (aqui)
Houve uma ligação entre este professor e a minha família, foi padrinho de um tio avô meu e professor dos seus irmãos e por isso, ao encontrar uma noticia de 1918 no jornal “A Fraternidade”, em que lhe era prestada uma homenagem, pensei que não podia deixar de falar nisso.
Em 13 de fevereiro de 1918, por motivo da sua aposentação quando completou 40 anos de serviço, foi-lhe prestada uma homenagem. Foram oradores nessa sessão o pároco de S. Martinho, padre José Teixeira Dias e Aires de Mendonça de S. João de Fontoura.
O elogio oficial foi feito pelo farmacêutico Francisco C. Gonçalves que falou das qualidades do homenageado, da sua entrega ao ensino e do exemplo que deixava a todos os que lutavam por uma maior escolarização das populações.
Depois de cantada "A Portuguesa" e outras canções alusivas pelos alunos da escola de S. Martinho, toda a gente se encaminhou para o largo da Feira Nova, onde se realizou a festa da árvore.
Bons tempos em que a dedicação e profissionalismo das pessoas eram reconhecidos.




segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

S. Martinho de Mouros e o comboio


Recentemente, ao ler jornais de Lamego do início do século numa investigação sobre a minha família, encontrei no jornal “O Progresso” nº 1121 de 29 de setembro de 1906 uma notícia que falava do interesse das populações do concelho de Resende de uma ligação ao comboio.
Sempre se soube do interesse de Lamego estar ligada ao caminho de ferro e, chegou mesmo a haver projectos (e iniciaram-se mesmo obras) para uma ligação entre a Régua e Viseu, passando por Lamego. Agora que Resende (especialmente S. Martinho, como veremos) também tivesse lutado por uma ligação, isso, para mim fui surpresa.
Mas, vejamos a notícia:

NOVA LINHA FÉRREA – Aos povos de Resende.
Dizem noticias da imprensa que houve há pouco grande regozijo público em Arouca ao chegar ali o engenheiro encarregado de estudar uma linha férrea que vai daquela vila a Sta Eufémia, seguindo por Alvarenga, Castro D’Aire, Lamego, Resende e Cinfães, atravessando o rio e indo entroncar em Mosteirô na linha do Douro. Ora aqui têm os povos de Resende e especialmente da pitoresca e adiantada freguesia de S. Martinho de Mouros, onde, não há muito as pessoas mais gradas se agitavam no empenho de conseguir que a nossa linha férrea lhes passasse à porta, o quinhão de viação acelerada que lhes está destinado e para realização do qual devem gastar todas as suas reservas de actividade e bons desejos.
Correndo atrás do desvio do nosso caminho de ferro que não é mais que a continuação do de Chaves, bem nos queria parecer que se cansavam inutilmente.
Com intuitos amigos lhes fizemos ver isso e os mais entusiasmados no movimento, aliás muito simpáticos, como são todos aqueles que assentam em bases de amor local, assim o compreenderam logo, esmorecendo e desistindo da campanha.
Agora somos nós a aconselhar os povos do conselho de Resende que trabalhem sem descanso, visto que já têm lugar marcado na galeria das terras destinadas aos grandes benefícios públicos…

Como se vê, havia um movimento, dinamizado pelas pessoas mais influentes de S. Martinho, para que houvesse uma ligação à linha que se iria construir entre a Régua e Lamego.
No entanto, Lamego não via com bons olhos essa pretensão por poder “atrapalhar” o que tinham já conseguido. O projecto de ligação entre Mosteirô e Arouca caiu do céu para desviar as atenções dos povos de Resende.
Sabemos hoje que nada destes projectos foi avante. A ligação Régua/Lamego ainda arrancou, mas morreu na praia. A que aqui nos ocupa, penso que nem sequer começou no papel.

Mas que havia quem lutasse pela sua terra, isso havia.