terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

A Revolta de Fevereiro de 1927 no Porto


Passou este fim de semana mais um aniversário da revolta de Fevereiro de 1927.

Pouco ou mesmo nada se viu na imprensa desses dias, o que não é de admirar nos tempos que correm.

Em 3 de Fevereiro de 1927 rebentou no Porto uma revolta essencialmente militar contra a ditadura instituída em 28 de Maio de 1926.

Nesse dia (a revolta havia sido marcada para 31 de Janeiro por razões óbvias mas não foi possível por vários imprevistos) o Regimento de Caçadores 9 e uma companhia da GNR do quartel da Bela Vista saíram para a rua e dirigiram-se para a Praça da Batalha onde estavam colocados na altura os comandos militares da Região Militar Norte, o Governo Civil e a Estação Telegrafo Postal.
Como a restante guarnição da cidade não aderiu, os revoltosos começaram a cavar trincheiras na Batalha, na confluência de 31 de Janeiro e Santa Catarina, Rua do Cativo, Alexandre Herculano, Entreparedes, etc.

Juntou-se-lhes depois parte do Regimento de Cavalaria 6 aquartelado em Penafiel e muitos oficiais, sargentos e praças das outras unidades da cidade a título individual.

O comando das operações foi assumido pelo General Sousa Dias (que na altura estava no Hospital Militar sob prisão) e coronel Fernando Freiria, agregando-se-lhe um grupo formado por Sarmento Pimentel, Jaime de Morais, Jaime Cortesão, Raul Proença e José Domingues dos Santos entre outros.

O governo responde de imediato e no dia 4 o ministro da Guerra coronel Passos e Sousa chega de comboio a Vila Nova de Gaia com reforços para auxiliar o Regimento de Artilharia 5 da Serra do Pilar no ataque ao Porto.
Estes recebem ainda a adesão do Regimento de Artilharia de Amarante, e forças vindas de Régua, Lamego, Guimarães, Famalicão, Póvoa, V. Real e Valença e recebem a adesão da artilharia da Figueira da Foz detida pelas forças do governo na Pampilhosa, mas não conseguem resistir ao ataque de artilharia lançado da Serra do Pilar e do Monte da Virgem, sem ter grande respeito pelos habitantes da cidade.

Lisboa que deveria revoltar-se no mesmo dia não se manifesta e o governo desloca mais tropas para o Porto que chegam a Leixões no dia 5.

Sem munições, desalentados por as unidades de Lisboa não saírem à rua, os revoltosos acabam por pedir um cessar-fogo e iniciam consultas para a rendição. O Comandante Jaime Morais e o coronel Severino vão às Devezas negociar com Passos e Sousa e a revolta termina no Porto quando rebenta em Lisboa.

Tarde!...

Os revoltosos são presos, deportados para a Madeira (onde serão o núcleo da revolta da Madeira em Abril de 1931), os decretos 13.137 e 13.138 de 15 Fevereiro encarregam-se das demissões e dissoluções e a ditadura endurece as suas posições.

Perdera-se uma oportunidade.
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O militar em pé na imagem é Emidio Guerreiro

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