Depois da reconquista do início do século XI, a fronteira foi-se deslocando para sul e a “terra” de S. Martinho foi perdendo importância estratégica e militar.
A exemplo do ocorrido no reino, ter-se-á iniciado um avanço das famílias nobres sobre os bens do concelho e do rei, obrigando estes, por força das queixas do terceiro estado, a intervir com inquirições para verificar da justeza dessas ocupações.
Um dos membros da nobreza que mais problemas trouxe na região foi Abril Peres de Lumiares, tenente das Beiras e, entre outros cargos, alcaide do castelo de S. Martinho de Mouros desde inícios da década de 1230.
Foi uma época controversa, com uma guerra civil entre os partidários do rei D. Sancho II e os do seu irmão D. Afonso, futuro Afonso III.
Abril Peres é um dos seguidores do Bolonhês contra o rei e vem a morrer em 1245 na chamada “lide de Gaia ou do Porto” em luta contra a facção real.
Ainda antes dessa lide, D. Sancho II tinha-lhe retirado a alcaidaria de S. Martinho de Mouros e entregou-a a Afonso Bezerra. No entanto este colocou-se também ao lado de D. Afonso, traiu o rei e entregou-lhe o castelo.
Voltando aos problemas criados pela nobreza, D. Afonso II, D. Afonso III e D. Dinis, mandaram fazer inquirições pelo reino para saberem da validade da propriedade da terra.
D. Afonso III por carta régia de Maio de 1258 determina a inquirição “…/… saberem através dos homens bons depois de terem jurado pelos Santos Evangelhos de Deus bem e fielmente todos os seus reguengos, e todos os seus foros e todos os seus direitos em…/… Bispado de Lamego e …/…”. É assim levada a cabo uma profunda análise das propriedades do que hoje são as freguesias de S. Martinho de Mouros, Paus, Barrô e S. João de Fontoura então formando o concelho de S. Martinho de Mouros, de que o rei deveria receber rendas ou outros serviços (essencialmente militares) que não andavam a ser cumpridos.
No entanto esta acção do rei não deveria ter resolvido o problema na totalidade porque seu filho, D. Dinis, teve necessidade de proceder de novo a inquirições, agora face às queixas dos nobres sobre a intervenção dos “mordomos” do rei.
Por carta de Julho de 1290 o rei determina novas inquirições que esclareçam da validade das reclamações apresentadas em cortes. Das sentenças reais verifica-se que todas as terras pertencentes aos mosteiros/conventos do Freixo, Mancelos (mais tarde englobados em S. Gonçalo de Amarante), Salzedas e P. Sousa passaram a pagar direitos ao rei, foram confirmadas outras da nobreza local e as pertencentes à Ordem do Hospital ficaram para melhor prova.
Estas intervenções mostram que nas terras de S. Martinho o poder real começava a ter uma intervenção cada vez mais influente, que irá ter no reinado seguinte, D. Afonso IV, uma maior expressão quando forem fixados os “Foros de S. Martinho de Mouros”.
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Para elaboração deste “post” foram consultadas a “História de Portugal” de Alexandre Herculano e o livro “Resende na Idade Média”do Padre J. Correia Duarte
A exemplo do ocorrido no reino, ter-se-á iniciado um avanço das famílias nobres sobre os bens do concelho e do rei, obrigando estes, por força das queixas do terceiro estado, a intervir com inquirições para verificar da justeza dessas ocupações.
Um dos membros da nobreza que mais problemas trouxe na região foi Abril Peres de Lumiares, tenente das Beiras e, entre outros cargos, alcaide do castelo de S. Martinho de Mouros desde inícios da década de 1230.
Foi uma época controversa, com uma guerra civil entre os partidários do rei D. Sancho II e os do seu irmão D. Afonso, futuro Afonso III.
Abril Peres é um dos seguidores do Bolonhês contra o rei e vem a morrer em 1245 na chamada “lide de Gaia ou do Porto” em luta contra a facção real.
Ainda antes dessa lide, D. Sancho II tinha-lhe retirado a alcaidaria de S. Martinho de Mouros e entregou-a a Afonso Bezerra. No entanto este colocou-se também ao lado de D. Afonso, traiu o rei e entregou-lhe o castelo.
Voltando aos problemas criados pela nobreza, D. Afonso II, D. Afonso III e D. Dinis, mandaram fazer inquirições pelo reino para saberem da validade da propriedade da terra.
D. Afonso III por carta régia de Maio de 1258 determina a inquirição “…/… saberem através dos homens bons depois de terem jurado pelos Santos Evangelhos de Deus bem e fielmente todos os seus reguengos, e todos os seus foros e todos os seus direitos em…/… Bispado de Lamego e …/…”. É assim levada a cabo uma profunda análise das propriedades do que hoje são as freguesias de S. Martinho de Mouros, Paus, Barrô e S. João de Fontoura então formando o concelho de S. Martinho de Mouros, de que o rei deveria receber rendas ou outros serviços (essencialmente militares) que não andavam a ser cumpridos.
No entanto esta acção do rei não deveria ter resolvido o problema na totalidade porque seu filho, D. Dinis, teve necessidade de proceder de novo a inquirições, agora face às queixas dos nobres sobre a intervenção dos “mordomos” do rei.
Por carta de Julho de 1290 o rei determina novas inquirições que esclareçam da validade das reclamações apresentadas em cortes. Das sentenças reais verifica-se que todas as terras pertencentes aos mosteiros/conventos do Freixo, Mancelos (mais tarde englobados em S. Gonçalo de Amarante), Salzedas e P. Sousa passaram a pagar direitos ao rei, foram confirmadas outras da nobreza local e as pertencentes à Ordem do Hospital ficaram para melhor prova.
Estas intervenções mostram que nas terras de S. Martinho o poder real começava a ter uma intervenção cada vez mais influente, que irá ter no reinado seguinte, D. Afonso IV, uma maior expressão quando forem fixados os “Foros de S. Martinho de Mouros”.
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Para elaboração deste “post” foram consultadas a “História de Portugal” de Alexandre Herculano e o livro “Resende na Idade Média”do Padre J. Correia Duarte
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