quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Dia Mundial dos Direitos Humanos

Comemoram-se hoje 61 anos sobre a assinatura da Declaração Universal dos Direitos Humanos, adoptda pelas Nações Unidas na sua Resolução 217A (III) em 10 de Dezembro de 1948.

A segunda guerra mundial tinha acabado havia 3 anos e o mundo vivia ainda sob as terríveis impressões causadas pelo Holocausto.

O seu artigo 1ºé por si só todo um programa:

"Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade".

Será que no mundo, hoje, este "programa" é cumprido?

A resposta só pode ser não. As notícias que todos os dias nos entram em casa são disso prova suficiente.

Porque além do mais são mulheres, lembro hoje Aung San Suu Kyi, Aminatou Haidar e Birtukan Medekssa.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

O mundo em que vivemos

Não seria tempo de pararmos para pensar?

O que se está a passar hoje em Portugal ao nível dos julgamentos na praça pública de pessoas que nem acusados são é deveras preocupante, para não dizer assustador.

A própria justiça não tem tido o cuidado de se resguardar e das fugas de informação à violação do segredo de justiça, para não falar das já costumeiras intervenções públicas de pessoas que se deviam dar mais ao respeito, acabam por criar situações que arrepiam todos os que querem acreditar que a Justiça (com J maiúsculo) ainda é um bem respeitável.

Por outro lado a comunicação social, qual hiena esfomeada ( as audiências valem tudo?), não tem tido, na sua maioria, o cuidado de preservar o direito à defesa e bom nome das pessoas pretensamente envolvidas nos mais variados casos, criando situações terríveis para elas e seus familiares.

Face ao artigo do El País acima sinalizado, não seria de parar um pouco para pensar?

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

1º de Dezembro

No meu tempo de criança o 1º de Dezembro era uma data aproveitada pelo Estado Novo para comemorações um pouco por todo o país em que a população escolar era a mais solicitada.

O golpe era apresentado como um feito extraordinário da nobreza portuguesa e os traidores eram todos castigados, que era o que mereciam.
Assim nos era impingido um nacionalismo que ao tempo era já "bacoco".

Hoje, integrados numa Comunidade mais vasta, tudo isto nos parece ultrapassado apesar das vozes agoirentas que, de vez em quando, ainda se ouvem.

Mais que a restauração, hoje é também o Dia Mundial da SIDA e é bom lembrar que em Portugal o problema parece agudizar-se outra vez.

Hoje também entra em vigor o Tratado de Lisboa que pretende dar uma nova estrutura à União Europeia.

Afinal o 1º de Dezembro é hoje muito mais que o que era na minha infãncia.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

A vergonha nacional



Hoje é o Dia Internacional para a Eliminação da Violência sobre a Mulher.

Principal vítima da violência doméstica, mas não a única ( crianças, idosos, maridos...), é a mulher quem mais sofre em Portugal.

Até hoje temos já 26 mulheres assassinadas pelos companheiros ou ex-companheiros para além das centenas agredidas e violentadas.

Que sociedade é esta que continua alegremente a permitir tais actos?

25 de Novembro de 1975


Passam hoje 34 anos sobre o "acto final" da reposição da democracia em Portugal.

Ainda mal refeitos do susto do 11 de Março, fomos assistindo aos longo dos meses a uma cada vez maior indefinição política em que um esquerdismo irreverente ia anestesiando a vontade popular.

A "história" dos para-quedistas veio forçar a definição de campos e a partir daí avançamos com mais clareza.

Fica o registo.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Um nó gordio para Copenhaga

A conferência de Copenhaga sobre o clima vai ter muito que resolver se outros interesses não vierem a, mais uma vez, adulterar as suas finalidades.

Vejamos os problemas a ter em conta.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

E ao jantar...

Os chefes de governo da UE decidiram hoje ao jantar quem vai ser o Presidente e "Ministro dos Estrangeiros" nos próximos anos.

Para além de não concordar com este tipo de "escolha" (não deveria ser o Parlamento Europeu a escolher já que é lá que estão os representantes eleitos da população?), o desconhecimento total dos nomeados faz com que cada vez mais as pessoas se afastem da vida da UE com todas as implicações que isso acarreta.

Herman Van Rompuy é o actual 1º ministro belga e aparece porque o primeiro ministro britânico deixou cair Tony Blair.

É um democrata cristão (como a maioria no PE é de direita até se pode considerar correcto) e tem fama de bom negociador. Mas como imagem forte da União deixa muito a desejar.


Catherine Ashton é actualmente comissária europeia do comércio
e vai chefiar a diplomacia da União. É trabalhista (temos aqui uma divisão de lugares de acordo com as familias do PE) e teve uma vida política sempre dentro da Grã Bretanha.

Vamos ver no que dá esta escolha, até porque parece que foram feitas para não ofuscar os chefes de governo ou mesmo o inefável Barroso.


quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Parece tão simples...

São estes exemplos que nos fazem acreditar no futuro.

Outros tempos.....


Em 18 de Novembro de 1968, já lá vão 41 anos, partia ao meio da manhã no n/m Império rumo a Moçambique.

Iniciava assim os 33 meses da minha comissão militar.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

O que realmente importa....



Este é o maior problema que o mundo vive actualmente.

De um lado a super-abundância, do outro a fome.

A luta da FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação) é uma luta inglória face às posições egoístas da maioria dos países e especialmente das grandes empresas agro industriais. O próprio facto de na conferência de Roma apenas o país anfitrião estar representado ao mais alto nível é disso um bom exemplo.

As alterações climáticas, a transformação dos alimentos em meios especulativos de "jogo nas bolsas", a crise económica, etc, tudo potencia o flagelo sem que o "mundo" tenha respostas.

Não podemos assistir calados a mais este genocídio.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Timor


Em 12 de Novembro de 1991 os forças de ocupação indonésias dispararam sobre civis no cemitério de Santa Cruz durante o funeral de um jovem abatido por aquelas forças, calculando-se que cerca de 200 pessoas tenham sido mortas nessa acção.

Sem o saber o exército indonésio dava início a um período de tal maneira rico em acções de solidariedade mundiais que acabaria com a indepêndencia de Timor.

Hoje Timor é um país ainda à procura do seu futuro, mas livre e o 12 de Novembro é o Dia da Juventude. Bem merecido.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Angola

Em 11 de Novembro de 1975 Angola tornou-se um país independente.

Depois de tantos anos de guerra e de sofrimento (e sem conhecer os que viriam a seguir) o povo angolano obtinha enfim a sua liberdade.

Três anos antes o meu irmão tinha morrido em combate em Angola......

terça-feira, 10 de novembro de 2009

A banca e a crise

No verão de 2008 todos nós nos preocupamos com a situação da banca, com a possibilidade das falências, da economia que não resistiria ao choque, com as ajudas à banca por parte dos governos, etc.

Quantos somos... e como somos

O INE acaba de publicar as "Estatísticas Demográficas 2008" em que ressalta que o crescimento da população foi marginal (104 594 nados vivos para 104 280 óbitos).
A este resultado temos que acrescentar o que é mais problemático em relação ao futuro, o índice sintético de fecundidade (ISF), que em 2000 se situou em 1,56 crianças por mulher, registou um valor de 1,37 crianças por mulher em 2008 e o número de idosos é hoje de 115 por cada 100 jovens.

A sociedade está também a mudar de forma muito rápida, nos casamentos verificamos que a taxa de nupcialidade foi de 4,1 casamentos por mil habitantes (4,4 casamentos por mil habitantes em 2007). Em 34% dos casamentos os nubentes já residiam juntos e em 27,6% já existiam filhos antes do casamento.

O número de casamentos celebrados pelo rito católico (19 201) fica abaixo dos celebrados só civilmente (23 865) e os celebrados segundo outros ritos religiosos foram 162. A idade média ao casamento continua a aumentar, situando-se nos 32,6 anos para os homens e 30,1 anos para as mulheres.

Vivemos numa sociedade em mutação constante, os valores são hoje outros e por muito que nos custe temos que os aceitar, porque é destes sobressaltos que se moldam as sociedades do futuro.

Ai a Justiça.....


Soube-se à pouco que o Supremo considerou nulas as escutas do caso "Face Oculta" em que aparece o Primeiro Ministro (aqui e aqui)

Soube-se também que o despacho havia sido proferido em Setembro!!!!!!!!!

O que levou a que só dois meses depois é que tenha surgido toda esta controvérsia? E porque não foi isso dito logo que se colocaram as questões ao Procurador Geral? Porque se deixou criar toda esta novela? Que interesses/grupos de pressão andam por aí?

Como é que podemos ter fé na justiça portuguesa com tudo o que anda a acontecer, desde as fugas de informação, a procura de protagonismos, as conferências de imprensa, etc?

Já agora, se as conversas eram só conversas de amigos, e se o despacho do Supremo não indicar se as mesmas eram ou não irrelevantes, ficava bem ao Primeiro Ministro autorizar a Procuradoria a fazer a divulgação das mesmas.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

O Muro


Faz hoje 20 anos que o "muro" caiu.

Era um mundo muito diferente o que a 13 de Agosto de 1961 viu nascer a aberração que ficou conhecida por "Muro de Berlim". Um mundo onde a desconfiança campeava, onde o "governo bipolar" russo-americano não tinha respostas, onde começava a despontar, sem que se soubesse ainda, a crise dos misseis de Cuba que havia de colocar o mundo muito perto da guerra em Outubro do ano seguinte, etc.

Em Portugal tinha começado a guerra colonial em Março desse ano, estavamos a poucos dias da "ocupação" de Goa, Damão e Diu pela União Indiana e o poder instalado parecia eterno.

E assim fomos vivendo até que o "colete de forças do outro lado" não aguentou mais e em 9 de Novembro de 1989 foram abertas as brechas que acabaram por deitar abaixo a aberração, a que se seguiria o desabar estrondoso dos vários poderes autocráticos do leste da Europa.

Ficou melhor o mundo?

Ficou. Apesar de não vivermos num mundo perfeito em que os direitos e liberdades de todos os homens sejam respeitados, em que todos tenham direito a um minímo que lhes garanta a dignidade que merecem, ainda assim o mundo de hoje é bem melhor que o das décadas de 60 e 70.

É nossa responsabilidade diária, tal como foi de todos os que lutaram contra o "muro", fazer com que o mundo de amanhã seja melhor que o de hoje, tal como o de hoje, apesar de tudo, é bem melhor que o de ontem.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

LAIKA

Faz hoje 52 anos que pela primeira vez um ser vivo foi lançado para o espaço.
Em 3 de Novembro de 1957 foi lançado o Sputnik II, uma nave russa que levava a bordo uma cadela que ficou conhecida por LAIKA.

Laika morreu pouco mais de cinco horas depois do lançamento, talvez por sobreaquecimento, talvez..., mas provou que era possível um ser vivo sobreviver em ambiente tão hostil.

Quando vemos hoje o quão natural é ir e andar pelo espaço, esquecemo-nos com muita facilidade do que foi preciso fazer para que isso hoje aconteça assim.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Violência no "desporto"


Dois jogos, duas manifestações do que não deve ser o desporto.

Primeiro em Braga entre oficiais do mesmo ofício, coisa sempre desagradável e que não deveria existir.
Depois em Alvalade com os adeptos a provocar a polícia e a receber o respectivo "troco".

Longe, tão longe, vai o tempo em que ir ao futebol era uma festa para todos. Tempo em que havia rivalidades, como sempre houve, mas as coisas resolviam-se dentro do campo (se bem que algumas vezes com uma "ajudinha" do poder, fosse o árbitro ou "outro"). É certo que as frustrações eram descarregadas em casa, sofrendo as mulheres e os filhos, mas a maioria ainda subscrevia o lema "ganhar e perder tudo é desporto, o que interessa é competir".

Hoje o desporto foi invadido e descaracterizado por outros valores, tornando-se os clubes autenticas empresas em que tudo vale para que os resultados sejam transformados em dinheiro e "os accionistas possam ter retorno dos seus capitais" como se tratasse de uma fábrica de "encher chouriços". E depois tudo o que gira à volta do mesmo, jornais, marcas de calçado, de camisolas, etc, tudo concorre para desvirtuar a competição e os resultados.

Cá por mim já deixei de prestar muita atenção ao "fenómeno", mas entendo que devemos lutar para que deixe de se chamar desporto.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

E vai outra


Depois do Freeport, do BPN, etc, temos agora a "Face Oculta".

Algo vai mal neste país para que tantas situações se sucedam de forma assustadora. Ou andamos muito tempo a dormir, ou as coisas começam a mudar no combate ao crime económico.

Esperemos pelos resultados, mas entretanto olhemos para a "coisa" como se faz aqui.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Triste aniversário


Faz hoje setenta e três anos que começou a funcionar o Campo do Tarrafal. Foi em 29 de Outubro de 1936 que chegaram ao campo os primeiros presos (152) que haviam saído de Lisboa em 18 desse mês no navio cargueiro "Luanda", habitualmente utilizado para transporte de gado.

Entre estes, com apenas 17 anos, estava Edmundo Pedro que nas suas "Memórias" relata assim a chegada:

"Atravessamos a vila do Tarrafal por entre a evidente curiosidade dos habitantes locais. Paravam para nos ver passar. Eram afastados do caminho com ameaças e agressões. O aspecto fisico e a roupa que vestiam denunciavam a miséria do seu quotidiano de incríveis provações."

"Quando avistamos as instalações do campo de concentração tornou-se visível, muito perto dele, o perfil inconfundível do cemitério local. Não atribuí a essa circunstância qualquer significado especial. Não me passou pela cabeça a ideia, a que alguns testemunhos aludiram, de que a escolha do local para a isntalação do presídio tivesse sido influenciada por essa proximidade."

O que é certo é que até o seu encerramento em 1954, 37 dos presos morreram fruto do trabalho forçado a que estavam submetidos, precárias condições de saúde e falta de cuidados médicos.





Recordem-se todos na figura de Bento Gonçalves que foi Secretário geral do PCP entre 1929 e 1942 e que morreu no Campo do Tarrafal em 11 de Setembro de 1942.

Mas as coisas não poderiam ficar por aqui. Em 1961 o campo foi reaberto para receber prisioneiros oriundos das ex-colónias. Nova época de terror e dor.
O 25 de Abril de 1974 acabaria de vez com a vergonha.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Como é possível!

A saga BPN continua.

Como é possível que se tenha chegado a esta situação?

Apesar de tudo o que veio a lume na Comissão Parlamentar de Inquérito (e pela primeira vez pudemos falar bem de uma) as notícias más parecem nunca mais acabar.

RSI, só mais esta vez...

Prometo que não volto ao RSI, mas não posso deixar de colocar aqui esta notícia.

O que mais chama a atenção é o facto de, neste momento, quase metade dos beneficiários (42,5%) serem menores de 18 anos ou maiores de 65 (os tais malandros!).

terça-feira, 20 de outubro de 2009

domingo, 18 de outubro de 2009

Os submarinos

O negócio dos submarinos já de si nunca foi bem explicado. É certo que somos um país com uma larga frentes marítima e as águas territoriais são imensas. No entanto a existência de uma guarda costeira, chamemos-lhe assim para facilitar,teria, talvez, maior interesse de momento.

Agora não sermos capazes de fazer cumprir as contra partidas negociadas é que não lembra ao diabo.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

E os eleitores?

Uma das causas do descrédito dos políticos é o não respeitarem os mandatos que os eleitores lhes conferem. Quer em termos de assiduidade no exercício das funções (aqui vai direitinho aos deputados), quer no cumprimento das promessas feitas durante as campanhas, nas coligações espúrias, etc.

Esta notícia de hoje, acaba por entroncar nesta questão, mesmo que as razões pessoais sejam muito respeitáveis, porque é que se candidatou?

Verificamos ainda que no Parlamento hoje empossado as mulheres continuam longe dos valores que a lei diz que lhes são devidos. Mais um truque que os partidos utilizam para dizerem que cumpriram a lei, nas listas teremos sempre dois hmens uma mulher em terceiro e assim por diante. Cumpre-se a lei, mas já sabemos que nos círculos em que se elegem menos de três deputados, as mulheres nunca lá chegarão.

Começamos mal!

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

O RSI

A ler.

Outra vez o RSI

Nada se diz sobre os 30% de beneficiários que têm outros rendimentos, de trabalho ou pensões. Não seria de bom tom, pelo menos, referir esse facto?

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Nós e o RSI

Uma das questões que mais discussão tem levantado é a do RSI, vulgo rendimento minímo.

As posições que o lider do CDS/PP tem trazido para a praça pública inquinaram uma medida que considero das mais importantes dos últimos anos em Portugal.

As notícias que hoje se referem ao RSI fornecem-nos dados bem curiosos. Em primeiro lugar o aumento de cerca de 50 mil beneficiários no primeiro semestre deste ano, em segundo lugar que mais de 38 mil deste novos beneficiários têm rendimento de trabalho, em terceiro que 40% dos beneficiários são crianças e jovens até aos 18 anos e, finalmente que cerca de 30% têm outros rendimentos, salários ou pensões.
A prestação média por pessoa abrangida é de 92,97 euros, sendo o distrito do Porto o que tem mais beneficiários, 28% do total e a maior prestação média, 99,12 euros.

Que sociedade é esta em que cada vez maior número de pessoas que trabalham tem que recorrer a subsídios porque o seu trabalho não garante um rendimento per capita acima do minímo de sobrevivênica (em 2009 187 euros per capita)?

É certo que há abusos. A taxa de fraude é de cerca de 14% nesta medida, mas se a compararmos com outras medidas, 35% no subsídio de desemprego, e nas baixas médicas? Porque há quem burle a medida é má?

E os 344 mil que já deixaram a medida, embora 20% tenham regressado mais tarde? Quem fala deles?

Estar contra a medida porque sim, é um disparate. Estar com a medida e exigir maior fiscalização é o caminho.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

5 de Outubro


Em homenagem a meu avô, João Adriano, que logo nos dias seguintes ao golpe aparece como um dos subscritores do auto de proclamação da República em Vila do Conde e em Abril de 1911 como um dos membros da primeira Junta de Paróquia republicana.
Foi director do jornal “O Luctador” no período de Outubro de 1905 a Abril de 1906 pertencendo ao partido Progressista desde 1890 e daí evoluindo para o partido Republicano.

domingo, 4 de outubro de 2009

Posições que dignificam



A primeira vez que ouvi falar de Luandino Vieira foi nos idos de sessenta do século passado, naquele triste caso do prémio Camilo Castelo Branco da SPA.

Mais tarde, depois de 74 li alguns dos seus livros e aprendi a gostar da sua escrita. "Nós os do Makuluso" é para mim um dos seus melhores livros.

Sabendo da opção de vida que resolveu tomar nestes últimos tempos, não é de estranhar que as causas para a recusa do prémio Camões tenham mesmo sido estas.

Nós e a cidade

Ainda sou do tempo em que o Porto estava semeado de pequenas zonas de cultivo que não eram só os quintais das casas.

Eram tempos em que o aperto económico da maioria das famílias e um apego forte à terra dos que tinham que vir para a cidade ganhar a vida, contribuíam para esse Porto.

Ao ler hoje no JN este artigo, lembrei-me desse tempo e ao mesmo tempo pus-me a pensar numa cidade mais equilibrada, mais amiga do futuro, mais alegre, mais ...

Dizem os economistas que as crises são, muitas vezes, janelas de oportunidade. Olhando para este exemplo apetece pensar que talvez sejam, se as soubermos aproveitar para mudar a forma como olhamos para a cidade.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Para reflectir

A preocupação com as alterações climáticas deveria ser uma "obrigação" de todos nós.

No entanto ainda há quem ponha em primeiro lugar o seu interesse em detrimento do de todos.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Porquê?

"Sim, foi uma boa conversa!"

Então porque não a tiveram à mais tempo?

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

E agora?

A aguardada mensagem do Presidente da República que iria esclarecer toda a questão das pretensas escutas, acabou por lançar ainda mais confusão no espírito das pessoas.

Quando o que se pretendia era saber se houve (há) ou não escutas e quem as patrocinou (na), acabamos por ficar a saber aquilo que todos os que usam as comunicações por "e-mail" já sabem, são vulneráveis.

Pelo menos ficamos a saber que quando lermos notícias fornecidas por "fontes de Belém", fontes autorizadas da Presidência da República", etc, podemos desvalorizá-las, pois não são d autoria de quem as deve fazer. Valha-nos isso a nós, para mal de determinados meios de comunicação social.

Sobre as tentativas de "colar o Presidente à campanha do PSD" ficam também algumas dúvidas. Não foi na página do PSD que surgiram as notícias de assessores da Presidência estarem a colaborar com o partido? Não foi no SOL que sairam tais notícias? Não se viu ninguém de Belém a desmentir essas referências no imediato.

É isso que incomoda.

Uma breve declaração logo em Agosto a desmentir estas situações teria resolvido o problema e esvaziado logo o balão.

E agora?

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Rescaldos

Apesar da vitória, que não nego me deixou contente, os tempos futuros vão ser muito difíceis para o país e principalmente para quem vai ter a responsabilidade de governar.

A envolvente económica não vai recuperar tão depressa e a financeira corre riscos de colapsar outra vez se continuarem os comportamentos que as subidas das bolsas prefiguram.

Esperemos que as oposições, especialmente as de esquerda, assumam ,sem segundas intenções, as suas responsabilidades.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Nem assim

Ainda a crise não acabou e parece que se esquecem as verdadeiras razões da mesma. Dá que pensar o artigo que o jornal I hoje publica da autoria de Paul Krugman.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Gripe H1N1




Aconteceu a primeira morte provocada pelo vírus da gripe A.


Embora o quadro clínico do paciente fosse difícil e qualquer infecção pudesse levar ao mesmo desfecho, parece ter sido o vírus H1N1 o responsável.


Com um total de 2 213 casos confirmados, esta primeira morte volta a colocar a gripe nos top das notícias e vamos voltar a te-la nas aberturas dos telejornais (a não ser que o caso "das escutas" tenha desenvolvimentos excepcionais.


segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Trapalhadas


Esta história fica muito mal contada.
É muito difícil entender como se chegou a esta situação, principalmente tendo em conta a habilidade política até hoje demonstrada pelo Presidente da República.
Fica-nos um "amargo de boca" que vai ser muito difícil de esquecer nos tempos mais próximos.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Perplexidades

Esta questão do TGV deixa-me perplexo.

Em primeiro lugar Portugal, país respeitável, assinou um acordo com a Espanha para a construção da ligação à rede daquele país de, salvo erro, 4 linhas de alta velocidade ferroviária. Depois, certamente por acordo, essas linhas passaram a duas.

Agora pretende-se rasgar o compromisso assumido, presume-se que livremente, pelo governo português do pé para a mão.
Então nas relações entre países não existem as vias diplomáticas, os canais informais, as negociações, etc?
É a imprensa que trata disso?

Outra questão é o interesse na construção das duas linhas.

Quem hoje ande pelo aeroporto Sá Carneiro apercebe-se facilmente da quantidade de passageiros da Galiza que por ali andam. A criação pela RYANAIR de um centro em Pedras Rubras acaba por dar maior visibilidade a esse afluxo de passageiros. Estive no aeroporto numa das últimas manhãs, bem cedo por sinal, e apercebi-me do movimento de galegos, autenticas excursões nos balcões daquela companhia.
No que respeita a mercadorias não posso, por absoluta falta de conhecimento, pronunciar-me, mas aceito como boas as razões tantas vezes trazidas a público pelo presidente da Associação Comercial do Porto.

Será que nos argumentos que hoje andam por aí estes dados são tidos em conta?

É certo que o país se esta a endividar a um ritmo nada desejável, no entanto este facto não pode ser esgrimido apenas quando nos dá jeito.
Alguém analisou já, sem distorções partidárias, todo o processo? O financiamento da EU é assim tanto que dê para recusar? Vai acontecer neste século XXI o que aconteceu no século XIX com a rede ferroviária?

Independentemente das eleições, gostava de perceber.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Nine Eleven

Faz hoje oito anos que o mundo mudou.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Um pouco de história (V e último)

Em 25 de Abril novos combates referidos em comunicado assinado no quartel em Barrô, combates esses que se sucederam entre a barca do Carvalho, Molães na Penajóia e a igreja de Barrô.
Nesse comunicado são louvados o capitão da 2ª companhia José Joaquim Pinto da Fonseca, o tenente António Cândido Xavier e os alferes Vitorino Pinto (ferido) e José Pereira Pinto. É também louvado o voluntário Joaquim Rodrigues Soldadinho.

Vejamos o relatório do comandante das forças de acordo com o “Nacional” nº 102 de 6 de Maio de 1847:

Ilº e Exmº Senhor – Tenho a honra de levar ao conhecimento de V.Exª que tendo-me dirigido e pernoitado em Molães da Penajóia com as forças do meu comando no destino de colher informações exactas e cair de surpresa sobre o piquete que os rebeldes haviam postado na barca do Carvalho achando-me ainda acampado entre a serra de Barrô e a igreja de Santo António da Penajóia pressenti o fogo dos meus piquetes sobre o inimigo que marchava em grande força sobre mim tendo premeditado e tomado mesmo todas as convenientes medidas para me cortar ambos os flancos, sem perda de um momento mandei carregar o inimigo na ala direita e esquerda enquanto que fiz retirar o centro para lhe tomar a frente e habilitar-me para o combate que já era inevitável tanto para salvar o piquete como para facilitar a passagem às tropas fieis que do meu arraial estava vendo marchar sobre a estrada da Régua. Por espaço de ¾ de hora 200 homens livres disputaram o terreno a 500 escravos e 50 cavalos comandados pelo Casal, mas conhecendo logo a grande desproporção de forças e vendo que a coluna de tropas fieis não desfilava sobre a margem do Douro em meu auxílio mandei tocar a retirar e efectivamente retirei sobre a igreja de Barrô fazendo sempre o mais vivo fogo ao inimigo que pagou caro a sua ousadia perdendo alguns mortos e muitos feridos que fez conduzir à cidade de Lamego bem como alguns cavalos .A todos parecia inevitável a perda do batalhão de Resende que o ex Barão do Casal prometera agarrar á mão assim como fizera aos móveis dos pacíficos habitantes de Agrela e Vilarandelo mas eu posso afirmar a V.Exª que apenas tive um soldado morto e um oficial ligeiramente ferido no braço esquerdo. O fogo durou 2 horas (mais ou menos) durante as quais as forças do meu comando mostraram o mais vivo entusiasmo sendo superior a quanto pode imaginar-se a valentia denodo e coragem dos meus oficiais que todos foram soldados, todos largaram as espadas para tomar a espingarda e todos fizeram os maiores serviços já animando os soldados já fazendo vivo fogo ao inimigo. São especialmente de louvar o capitão da 2ª companhia José Joaquim Pinto da Fonseca, o tenente António Cândido Xavier, os alferes Vitorino Pinto (ferido) e José Pereira Pinto e o voluntário Joaquim Rodrigues Soldadinho.
Quartel em Barrô 25 de Abril de 1847 = Justiniano César Osório administrador do concelho de S. Martinho de Mouros e tenente-coronel do batalhão de Resende."

A partir daqui as notícias nos jornais do Porto escasseiam. A intervenção da Quadrupla Aliança com a entrada em Portugal das tropas espanholas em auxílio do governo, a detenção pela esquadra inglesa do Conde das Antas presidente da Junta do Porto, a convenção de Gramido que pôs termo à guerra civil ocuparam mais a atenção dos jornais que algumas (poucas) acções militares. Seguiram-se, como sempre lutas de vingança entre vencidos e vencedores, mas essas já não eram do interesse da imprensa.

Mas este último relatório de Justiniano Osório acaba por entroncar na minha família. O voluntário Joaquim Rodrigues Soldadinho pertencia à família de minha trisavó materna Maria Clara Rodrigues nascida em Córdova, Paus em Junho de 1817.

Voltas que o mundo dá.


terça-feira, 8 de setembro de 2009

Um pouco de história (IV)

Em 10 de Março um forte ataque das forças de Lisboa comandadas pelo coronel Lapa e pelo conde de Vinhais lançado da margem direita do Douro face ao lugar do Bernardo na freguesia de Barrô e outro pela serra das Meadas rumo a S. Martinho de Mouros, obriga o batalhão a ocupar estas localidades. O combate prossegue no dia 10 e de manhã combate-se no lugar de Vilar da dita freguesia de Barrô onde as forças governamentais são repelidas. A luta prossegue de tarde com as colunas do conde de Vinhais a atacar e ocupar o monte e capela do Senhor do Calvário. Depois de rijas lutas são desalojados e expulsos em direcção a Pardelhas. A luta prossegue com perseguições por parte do batalhão de Resende em direcção a Paus e Lamego.
O jornal "O Nacional" seguinte, nº 61 de terça-feira 16 de Março, podemos ler a seguinte noticia:

No sábado passado (13 de Março) de tarde depois da chegada do Vinhais à Régua, projectou este bater, surpreender e derrotar o Córdova (o tenente coronel Justiniano era natural do lugar de Córdova na freguesia de Paus do então concelho de S. Martinho de Mouros como já se disse) pelo que fez descer pelo rio abaixo uma força de linha e marchar de Lamego e Portelo a força do Marçal, caçadores, clavineiros e alguns cavalos em diferentes direcções ao sítio onde o Justiniano se achava que era o mesmo que antes ocupava. Este teve logo aviso deste movimento e esperou-os acautelado e julgando muita gente que lhe era impossível uma retirada sem muito risco porque parecia flanqueado e cortado pela força que desceu pelo rio, não sucedeu assim, mas pelo contrário os bateu e fez retirar vergonhosamente. Primeiro que tudo veio atacar a força ao rio que pôs em precipitada retirada e depois foi atacar em S. Martinho a que tinha saído por Lamego e Portelo à qual fez o mesmo favor, trazendo-os até perto de Lamego debaixo de fogo durando todo este acontecimento uma tarde e quase um dia”

Mas demos a palavra ao comandante da força em ofício dirigido ao chefe de Estado Maior no Porto e constante do jornal “O Nacional” nº 62 de quarta feira 17 de Março:

Exmo Senhor – Levo ao conhecimento de V. Exª que no dia 9 do corrente o Ilustríssimo Senhor Júlio do Carvalhal ordenou que no dia 10 ao amanhecer ocupasse a parte do Moledo para o coadjuvar na sortida sobre a Régua: e não podendo comparecer na hora indicada por me não ter sido entregue o dito ofício senão às 10 horas do dia 10, resolvi assim mesmo, ainda que tarde, marchar para aquele ponto: cheguei às 11 horas ao sítio do Bernardo e sabendo aí que a sortida já se havia feito e as forças fiéis já se haviam retirado para Amarante, fiquei indeciso sobre o destino a seguir: fiz alto naquele lugar e avistando dali nas eminências de Santa Marinha as forças do Vinhais que caminhavam sobre Mesão Frio retrocedi para o lugar de Barrô onde pernoitei a distância de três quartos de légua da força inimiga. No dia 11 recebendo parte que o Vinhais destacara forças para a margem direita do Douro a operar sobre os barcos, tomei a posição da Massorra(?) donde pudesse orientar-me acerca das operações do inimigo: e recebendo ali noticia de que 200 soldados inimigos de infantaria 9, caçadores 2 e clavineiros haviam passado para a margem esquerda no mesmo sítio do Bernardo com vistas de me atacarem e ouvindo pouco depois romper o fogo junto ao lugar de Vilar com soldados meus que andavam fazendo reconhecimentos, cuidei logo de dividir toda a minha força que ali se achava em número de 150 – em três pelotões – mandando o primeiro comandado pelo capitão José da Cunha Mendes da primeira companhia atacar pela frente ao inimigo, mandei o segundo comandado pelo tenente António Cândido Vieira da segunda companhia a servir de reserva e conservei o terceiro de meu comando com o fim de ocupar aquela posição por onde os inimigos retirassem. Junto á igreja de S. Martinho de Mouros pelas 3 da tarde principiou um vivo fogo com o primeiro pelotão o qual dividindo-se em flancos pode ganhar a boa posição em que se encontrava o inimigo pondo-o em completa e vergonhosa fuga sofrendo um aturado tiroteio dos meus valentes que os seguiram corajosamente em distância de uma légua até que durou o dia. Acabado o fogo vim com a minha força do Alto da Mesquitela até onde chegamos a pernoitar em S. Martinho conservando-me ali até às 3 horas da manhã em que recebi a noticia que Vinhais, Lapa e Marçal tentavam atacar-me com todas as suas forças tomei nova posição no povo do Bairro a distância de um quarto de légua para a retaguarda e ali me conservei até às 7 horas da manhã e recebendo ali as noticias de que o inimigo se aproximava, me preparei para o bater e logo que o avistei no sítio do Calvário em número pouco mais ou menos de 250 soldados de linha e 30 cavalos, me aproximei a eles quase em distância de tiro de bala com toda a força do meu comando, tendo-se-me a ela anexado as forças de Resende e Aregos. Porém recebendo a notícia confidencial que um capitão do 9 de infantaria com 100 praças e 10 cavalos tinha seguido de Lamego a caminho de Feirão com vistas de me cortar a retaguarda ordenei a retirada com propósito de bater primeiro esta força do que a da frente se primeiro a encontrasse o que não consegui porque chegando ao lugar de Passos no concelho de Resende aí soube que o inimigo informado dos meus planos e que em virtude dele não poder cortar-me voltara para Lamego do que tudo fui ciente assim como que as forças da frente tinham caminhado às 3 da tarde para a freguesia de Paus e que os generosos habitantes meus patrícios e vizinhos lhes tinham feito fogo de emboscada, parti imediatamente para os atacar chegando a horas, ou surpreende-los de noite aproveitando o perfeito conhecimento que tinha das povoações e do bom espírito que as animava, o que não pude conseguir por se terem retirado vergonhosamente com o estrondo que faziam os sinos tocando a rebate contra eles, com o fogo que recebiam de emboscada, com os apupados assobios, desafios e impropérios que de todos os pontos os habitantes daquelas freguesias lhes dirigiam reunidos em grupos e com tal entusiasmo que a todos metia espanto e ao inimigo tal terror que se não arriscou a bater os mais pequenos grupos.”

No entanto em 15 de Março, nova tentativa do conde de Vinhais sobre S. Martinho de Mouros é repelida.

No dia 16 de Março o jornal “A Estrela do Norte”, nº 61 tem uma notícia sobre este combate que diz:

O povo de S. Martinho de Mouros acaba de ganhar uma coroa cívica, mostrando à facção cabralista quanto podem homens que combatem por si e pela liberdade.
…/…
Dois dias investiram os janízaros com vigor os valentes populares de S. Martinho de Mouros e dois dias foram repelidos corajosamente.
…/…
Foram os dias 10 e 11 de Março de 1847, eles aí ficam registados para glória do brioso povo de S. Martinho de Mouros.

Em 16 de Março é divulgado um louvor ao Batalhão Nacional de Resende pela forma como se comportou nas acções de 10 e 11.

Uma notícia de 18 em “O Nacional” dá conta de que o capitão José da Cunha Mendes comandante da 1ª companhia havia sido ferido a tiro nessa acção e tinha-lhe sido amputado o braço esquerdo.

domingo, 6 de setembro de 2009

Um pouco de história (III)

As acções militares continuaram na zona, havendo da parte da Junta de Governo do Porto o interesse em manter ocupadas algumas forças cabralistas junto ao Douro de forma a evitar a junção com o exercito que o Marquês de Saldanha tinha em operações sobre o Porto.
O jornal “O Nacional” nº 50 de 3 de Março de 1847 transcreve um ofício para a Junta do Porto sobre acções sequentes às de Fevereiro, do seguinte teor:

Exmº Sr. De Santiago de Piães concelho de Sanfins oficiei a V. Exª a participar a minha marcha para aquele concelho a fim de rebater os rebeldes que se tinham pronunciado a favor da facção de Lisboa e das ocorrências das tropas do Lapa e do seu regresso para Lamego com data de 26 do próximo passado; e sendo ontem informado que as tropas do Lapa tinham evacuado aquela cidade e a Régua seguindo a direcção de Vila Real; ontem mesmo me pus em marcha para Lamego e tenciono podendo, ocupar aquela cidade e guarnecer a margem esquerda do Douro no sítio da Régua e Carvalho, fazendo passar os barcos para a dita margem a fim de impedir as comunicações e passagem do rio caso eles queiram retroceder. Os rebeldes do concelho de Sanfins depois de dispersos tratei de os desarmar e consegui fazer-lhes a apreensão de grande parte do armamento que tenho em meu poder e faço conduzir para lugar seguro. Por falta de tempo não posso oficiar a S. Exª o Ministro da Guerra e rogo a V. Exª disso o faça ciente.
Deus guarde a V. Exª, Pias de Cinfães 1 de Março de 1847 = Justiniano César Osório, administrador do concelho de S. Martinho de Mouros e tenente-coronel do batalhão de Resende

Em 5 de Março a Junta do Porto louva novamente a acção do tenente-coronel Justiniano Osório e do seu batalhão e em 6 é enviado um ofício relatando combates nas zonas de Resende, Rendufe e Mirão em que se chega a combater corpo a corpo. Nesse combate são libertados pelos cabralistas 4 soldados do regimento de infantaria 16 aprisionados antes pelo capitão da 2ª companhia José Joaquim Pinto da Fonseca.

O jornal “O Espectro” nº 30 de 9 de Março de 1847 (jornal dirigido por Rodrigues Sampaio) escreve, referindo-se a uma carta do Porto do dia 8:

“… O ex Marquês de Saldanha parou em Oliveira de Azeméis, donde ainda não avançou apesar de ter aí reunido… O Solla já fez a junção com ele e o Lapa passou à Régua e foi para Vila Real. Lamego foi logo depois ocupada pelo batalhão de Resende”.

Verifica-se assim que se cumpriram os desejos de Justiniano de Córdova e se havia ocupado Lamego.
Numa guerra deste tipo os intervenientes tinham como seu apenas o terreno que pisavam, pois
no jornal “O Nacional” nº 59 de 13 de Março 1847 estão noticiados novos combates na zona:

Quarta-feira (10 de Março) pelo meio-dia apareceu uma força do Lapa e do Vinhais em duas colunas, uma pela serra das Meadas e outra pelo rio Douro em direcção a S. Martinho de Mouros para bater as forças do valente Justiniano. Este, tendo conhecimento da sua aproximação tomou posições para os esperar no monte da Sª da Guia a leste de Resende e mandando uma força fazer-lhes fogo na frente e simular depois uma retirada com o fim de apanhar o inimigo numa emboscada, este longe de carregar foi tomar posição na capela do Senhor do Calvário. Vendo o nosso general patriota que o inimigo não caiu no laço ordenou que as suas forças marchassem a ataca-lo e com tal valor o fizeram que o inimigo teve que retirar até ao alto de Pardelhas onde tomou de novo posições e sustentou o fogo por espaço de duas horas e sendo flanqueado pela direita se viu forçado a retirar na direcção de Lamego perseguido sempre activamente pela força de Justiniano. A força inimiga era de 250 homens.”

No mesmo jornal nº 60 do dia 15 de Março, segunda-feira, informa-se que a acção prosseguiu com a perseguição do inimigo até à Régua e daí para Vila Real.

Dissemos na nossa folha de sábado as gentilezas que o valente Justiniano tinha feito da quarta feira; e agora que estamos informados do que passou depois disso não nos demoramos em publicá-lo para conhecimento e satisfação dos verdadeiros patriotas. Batidos os rebeldes e obrigados a retirar para Lamego no dia 10, voltaram no dia 11 a procurar o nosso Galamba do norte com toda a força que o Lapa e o Vinhais tinham a sul do Douro. Justiniano esperou-os e rompeu contra eles o fogo apenas eles se lhe apresentaram; mas aos primeiros tiros começaram os povos a tocar os sinos a rebate em todas as freguesias próximas do lugar da acção e tal medo concebeu o inimigo que imediatamente se pronunciou em retirada, mandando aviso à Régua para que lhe tivessem todos os barcos na margem esquerda do rio. Não se atrevendo a esperar em Lamego fugiu e passou para a Régua toda a força do Lapa e Vinhais e sem ali se demorar seguiu tudo na direcção de Vila Real, ficando o nosso Justiniano senhor de todo o terreno até Lamego onde provavelmente terá entrado. O inimigo deixou alguns mortos, um oficial e vários soldados prisioneiros, sem que da nossa parte houvesse grave perda.”

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Um pouco de história (II)

A unidade que Justiniano Osório organizara e comandava não passava de uma guerrilha que nunca terá ultrapassado os 300 homens na sua maioria pertencentes às freguesias de Paus donde era natural (lugar de Córdova) e S. Martinho de Mouros, a que a necessidade da Junta Governativa do Porto em enquadrar e coordenar o máximo de forças possíveis havia dado um certo ar de ligitimidade.
Então, já como unidade organizada, o primeiro combate de que temos notícia (terá de certeza havido outros até porque o comandante do corpo foi condecorado em 9/2/1847 por acções anteriores) tem lugar em 20/27 Fevereiro de 1847 e dele existe um ofício do seu comandante para a Junta do Porto, transcrito no jornal “O Nacional” nº 49 de 2 de Março de 1847, e que é do seguinte teor:

"Exmº Sr – levo ao conhecimento de V. Exª o ocorrido nos concelhos de Resende e S. Martinho de Mouros e participo a V. Exª os meus movimentos depois do embarque do Exmº General Povoas.
Logo que soube da marcha das tropas rebeldes para S. Martinho e Resende retirei para a margem direita do Douro percorrendo os concelhos de Baião e Bemviver enquanto toda a brigada de Lamego se conservou em Resende e S. Martinho de Mouros. Tive notícias no dia 24 que os rebeldes se tinham retirado para Lamego, estacionando ali o 9 de infantaria e mandando o 16 e cavalaria para a Régua e que o ex-administrador cabralista de Sanfins, Diogo Leite de Castro e alguns regedores tinham assumido aí a autoridade administrativa e tinham feito a revolução naquele concelho armando alguns seus facciosos e levando outro cidadão por violência, havendo as armas de Luís do Amaral e formando uma força com que foram atacar de noite as guardas do rio pertencentes ao batalhão de Bemviver. Julguei acertado ir bater aquela malta de ladrões antes que tomasse maior vulto e no dia 25 repassei o Douro e me dirigi a Santiago de Piães onde estavam reunidas comandadas pelo tal ex-administrador; não ousaram esperar-me e retiraram em debandada para as montanhas; ocupei depois as casas dos que tinham tomado armas pelos rebeldes e intimei a quem encontrei nelas para que no prazo de 24 horas me entregassem os armamentos e munições com ameaça de os tratar com todo o rigor que mereciam. Na noite fui atacado dos montes fazendo-me um pequeno tiroteio, julgo que com o fim de me intimidarem a ver se me retirava; pus a minha força em armas e disposição de resistência, mas ninguém se atreveu a aproximar-se; e estou resolvido a não retirar enquanto não apaziguar este concelho. Os inimigos em S. Martinho praticaram toda a qualidade de roubo e arbitrariedade e em tão grande número e tal excesso que parece impossível haver homens que assim se depravassem.
Aguardo as determinações de V. Exª e da Junta de Governo. Deus guarde a V. Exª, Quartel em Santiago de Piães 27 de Fevereiro de 1847 = Justiniano César Osório administrador do concelho de S. Martinho de Mouros e tenente-coronel do batalhão de Resende"


Em 9 de Fevereiro o tenente-coronel Justiniano é agraciado com o grau de Oficial da Ordem da Torre e Espada pelo seu comportamento.
No mesmo jornal e referindo-se eventualmente à acção descrita, vem uma notícia que diz:

"O digno tenente-coronel Justiniano César Osório do batalhão de Resende que tanto se tem distinguido na presente luta repassou o Douro para a margem esquerda com a força do seu comando, restabeleceu a autoridade legítima nos concelhos de Sanfins e Cinfães fazendo fugir os cabralistas e aos famigerados Serranos, capitães de malfeitores que fugiram em ceroulas e descalços tendo-lhes apreendido muitas armas."


Uma carta do cônsul inglês no Porto datada de 20 de Fevereiro de 1847 e dirigida ao seu governo e referindo-se à marcha da coluna do General Povoas diz:

O General Povoas vendo na sua chegada a Lamego que o conde de Vinhais se postara na Régua para lhe obstar a que atravessasse o rio marchou na noite de 17… pela estrada de S. Martinho de Mouros e passou o Douro. Na sua marcha juntou-se ao Justiniano que trazia uma guerrilha de alguns 300 homens.”
O Batalhão servia assim para manter abertas as ligações do Porto para o coração da Beira e controlar as duas margens do Douro.

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Um pouco de história

Quando pensamos que conhecemos tudo sobre a nossa terra, acontece alguma coisa que nos vem revelar que afinal isso não é verdade.
Na continuação da investigação de que falei no "post" anterior, ao folhear jornais do Porto do século XIX fui sendo confrontado com a existência de um "Batalhão Nacional de Resende" que era comandado pelo Administrador do Concelho de S. Martinho de Mouros.

Havia que "pegar" no assunto e ver do que se tratava.
Depois da revolução da Maria da Fonte seguiu-se a guerra civil conhecida como Patuleia em que Setembristas e Cartistas se confrontaram sobre a constituição da monarquia e a forma de governar o país.
É nesse contexto que aparecem as referidas notícias sobre o Batalhão Nacional de Resende formado para combater ao lado da Junta do Porto que se opunha ao governo de então. Uma espécie de revolta de esquerda contra um governo de direita (na época).

A primeira indicação de organização militar no âmbito das juntas governativas formadas com a revolução da Patuleia e referente a Resende, aparece no jornal do Porto “A Estrela do Norte” de 15 de Outubro de 1846 e referem a organização de forças populares nos concelhos de Resende e S. Martinho de Mouros, ao mesmo tempo que se formavam 4 companhias de Atiradores do Douro com cerca de 400 elementos de Portelo de Cambres, Samodães e Penajóia.
No mesmo dia mas no jornal “O Nacional”, surge uma noticia que informa ter sido o barão de Castro D’Aire nomeado comandante de todas as forças populares dos concelhos de Aregos, Resende, S. Martinho de Mouros, Castro D’Aire, S. Fins e Cinfães para manter a ordem nos concelhos e “dos voluntários entre os 18 e 25 anos para formar colunas volantes e operar fora dos concelhos”.
No jornal “A Estrela do Norte” em 23 de Novembro de 1846 refere-se a formação de companhias de voluntários em Resende, Aregos e Cinfães que se encontravam em quartéis e adstritas ao batalhão de Castro Daire.

No mesmo jornal insere-se uma notícia sobre a participação num combate perto de Moimenta da Beira de cerca de cinquenta elementos de S. Martinho de Mouros em 6 de Janeiro de 1847, incluídos no batalhão de Castro Daire.

A organização do batalhão e a nomeação das suas chefias constam de:
  • jornal “O Nacional” nº 49 de 2 Março de 1847

Quartel-general do Porto 15 de Fevereiro de 1847
Por Portaria de 29

Batalhão Nacional de Resende

Tenente-coronel comandante Justiniano César Osório
Capitães 1ª companhia José da Cunha Mendes
2ª companhia José Joaquim Pinto da Fonseca
3ª companhia João Teixeira Pinto Ribeiro
4ª companhia Frederico Silva Cardoso Vasconcelos

Tenentes António Cândido Vieira Xavier
António da Piedade Teixeira Cabral
José Campelo

Alferes Luís Pinto de Almeida e José Pereira Pinto Casanova

  • jornal “O Nacional” nº 89 de 21 Abril 1847

Quartel-general do Porto 19 de Abril de 1847

Batalhão Nacional de Resende

Capitães 4ª companhia Manuel Pinto Vasconcelos
5ª companhia Frederico Silva Cardoso Vasconcelos

Tenentes Francisco Rodrigues Camilo
António Amaral Sousa Pinto

Alferes Vitorino Pinto Ribeiro
Joaquim Ferreira Almas
António Jorge Gouveia Osório


quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Pensando bem ...

Uma tarde passada no Arquivo Distrital procurando um processo de um trisavô que a "lenda familiar" fazia preso pelo regime de D. Miguel acabou por dar frutos, embora canalizado para outras fontes.
Mas o que é mais significativo é ter encontrado outros processos de pessoas de S. Martinho de Mouros (algumas do concelho que existiu até 1855).
Que levaria pessoas de uma localidade tão fora dos centros de poder a enfrentar a "situação" então existente em Portugal? Fomos sempre levados a pensar pelos livros escolares que as zonas rurais eram todas pelo rei absolutista, sendo apenas os urbano/litorais os apoiantes dos "pedristas".
Quando pensamos naqueles que no tempo do Estado Novo também deram tudo por um ideal e a sua maior parte eram, para além dos operários, rurais das zonas mais pobres do país mas com uma forte consciência dos seus interesses, então talvez possamos compreender que as generalizações a que no dia a dia nos habituamos são perigosas por não corresponderem na maior parte das vezes à verdade.
Como homenagem, aqui ficam os nomes que encontrei:
António Cardoso Pinto de Magalhães, proprietário de Barrô concelho de S. Martinho de Mouros (o meu trisavô) preso na Relação do Porto entre Set de 1830 e Jun de 1831, julgou-se-lhe expiada a culpa contando a prisão anterior em Lamego, ficando sujeito a seis meses de vigilância pela policia local;
António Rodrigues Osório Bacharel e Sargento Mór de ordenanças, natural de S. Martinho de Mouros preso na Relação do Porto entre Nov de 1830 e Fev de 1831, absolvido por falta de provas;
Joaquim Correia Cardoso Monteiro, negociante do concelho de S. Martinho de Mouros apresentou-se voluntariamente no Aljube do Porto em Nov de 1830 e foi solto por falta de provas em Mar de 1831;
Alexandre Azevedo Coutinho e Faro, proprietário de S. Martinho de Mouros, em Ago de 1830 sua esposa enquanto sua defensora apresenta a sua defesa, sendo absolvido em Set do mesmo ano, ficando sujeito a vgilância do Corregedor da Comarca de Lamego;
António Cardoso Mesquita do concelho de S. Martinho de Mouros, foi-lhe passada Carta de Éditos em Fev de 1831. Estava afortunadamente "ausente";
José Cardoso Taveira, Bacharel de Barrô concelho de S. Martinho de Mouros, foi-lhe passada Carta de Éditos em Dez de 1830. Também, afortunadamente estava "ausente".

sábado, 22 de agosto de 2009

Dá que pensar

Uma noticia na net e um trabalho do Expresso de hoje obrigam-nos a pensar na nossa cada vez mais precária privacidade.
No dia a dia nem pensamos que o simples ligar do telemóvel nos deixa inevitavelmente localizados. O simples andar na rua sem destino passou a ser um passeio seguido. O usarmos a "via verde", o irmos ao multibanco, o abrirmos a garagem do prédio, tudo isso deixa a nossa visa a nu.
George Orwell afinal estava certo!
Mas o que nos levou a esta situação?
A busca de uma vida menos dura, a exigência de uma cada vez maior segurança, a sede de conhecimento, tudo isso leva a que demos cada vez menor atenção à privacidade na nossa vida. Quando assistimos às deploráveis "cenas" das revistas chamadas "cor de rosa" onde as vidas privadas são, voluntariamente ou não, devassadas sem piedade, porque nos preocuparmos com estas "mariquices" de saberem ou não onde estamos e o que fazemos?
Deixar o telemóvel? Livra!
Usar o mapa em vez do GPS? Por amor de Deus esse tempo já lá vai!
E assim alegremente vamos transferindo partes de nós mesmos para o Big Brother que tão pouco nos agradece essa nossa disponibilidade.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Modos de estar

Há sempre uma certa nostalgia quando regressamos ao local onde nascemos ou onde a família tem as suas raízes. Foi o que me aconteceu na passada semana que passei pertinho de Lamego, não longe da minha S. Martinho de Mouros natal.
Dias quentes, com o rio a passar ao fundo na Régua em festa à Senhora do Socorro, os emigrantes em férias a encher as estradas e a aldeia, parecia estarmos noutro país.
A crise. Claro que a crise estava em todas as conversas, mas não eram as conversas de desalento, de derrotismo à partida, eram pelo contrário conversas de esperança, de vontade de ir à luta, cheias de vida.
Se todos os portugueses fizessem um "estágio" na emigração antes de entrarem na vida activa no país, como Portugal seria diferente.

domingo, 9 de agosto de 2009

Raul Solnado

Morreu Raul Solnado.
Os meios de comunicação social têm dado conta das várias facetas de um homem e de um artista que marcou o teatro português.
Mas não podem, de maneira nenhuma, dar conta do que era ouvir a "História da minha ida à guerra" enquanto participante de uma guerra ( neste caso a colonial). Era como que um rir de nós mesmos, um descomprimir comprometido.
Vai deixar muitas saudades Raul Solnado.

A abrir

Porquê escrever um blogue?
Podemos colocar a mesma questão quanto a escrever um diário.
Por por escrito ideias, modos de ver as coisas, episódios de vida, etc.
Nada mais pretendo deste espaço, apenas de vez em quando, colocar aqui tudo aquilo que for prendendo a minha atenção e a minha visão dessas questões.

Durará enquanto me sentir motivado para o fazer.